segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Essa é pra você.

Não, na verdade não é. Imagina como seria bobo e precipitado escrever pra você agora, rapaz. Então se vierem me perguntar, estou escrevendo prum moço qualquer, não pra você. Tá? Porque eu sei que você não demonstra todos os seus sentimentos e que às vezes deixa de ligar pra eu não achar que você está totalmente na minha. Porque às vezes você me nega um sorriso e briga comigo e logo desiste porque é orgulhoso, mas não tanto quanto eu. Porque eu sei que você me ama mas não diz e você sabe que eu te amo e eu não te digo. E enquanto estamos nessa ciranda, imagina que esquisito seria dedicar uns versinhos-não-rimados-em-prosa pra ti. E como eu tendo a exagerar em tudo que sai em papel, você ia me achar uma louca e fugir. E eu nunca teria a chance de dizer que você é tão lindo e meu que dói. Dói porque dá um medo enorme ter um sentimento desses por alguém. Dói porque a gente tem que jogar o joguinho da conquista e fingir que tá tudo bem. Dói porque eu quero estampar o nosso retrato com você sorrindo ao meu lado cidade afora. Dói porque não dá pra gritar pro mundo. O mundo não tá nem aí e amanhã eu tenho que acordar cedo - e você também. Então deixa pra lá. Dessa vez, não deu praquele moço qualquer. Terminei de escrever e meus (não-)versos são só seus...

domingo, 14 de julho de 2013

Por que será que os opostos se atraem?

O encanto foi de cara – aqueles dois olhos imensamente azuis mergulharam nos seus, tão castanhos, e fizeram o máximo de estrago possível (e em tempo recorde!). Era pensamento nele, pensamento nela, vinte e oito horas por dia. E as borboletas parecem mais gaviões que remexem e confundem tudo que se mistura lá dentro deles. Fogo. Ninguém sabe o porquê – ou o como – mas a menina-quase-mulher-quase-inocente-e-doce e o homem-forte-e-decidido, com absolutamente nada em comum, decidiram que não conseguem sequer pensar em desistir um do outro. Armado até os pés, esse moço a arrebata sem que ela possa voltar atrás; e ela, clamando por paz e amor ou qualquer outra ideologia a la John Lennon, prende-o e resgata nele qualquer esperança de mergulhar, ainda, em um amor verdadeiro. E quem ganha essa batalha? Ninguém ou os dois, tanto faz, essa história não tem futuro - disseram. Ela o faz acreditar, ele a faz sonhar, mas no plano da realidade, isso funciona? Tem tudo pra dar errado, mas faz seu coração bater mais rápido... E por isso vale a pena.

~AlanaDriziê

sábado, 3 de novembro de 2012

Esperança


E mais uma entrava naquela lista. Passado, trancado em uma caixa, sem oxigênio para respirar. Estava morto mais um relacionamento. Após primaveras e outonos, suportou tanta coisa, quem poderia imaginar que aquela tempestade seria sua última? E agora – caos.

O coração vai entrando naquele estado de transe-proteção-total-contra-tudo-e-todos. Não quer mais se machucar. E alguém o culpa? As folhas caem e ninguém está lá para colocá-las de volta no lugar. Não é sequer possível, o que se esvai perde a vida tão rapidamente quanto um impulso mal dado ou uma palavra mal dita – maldita.

O tempo passa e a dor fica. Ele nem percebe, mas vai deixando passar um ou outro sorriso por entre as lágrimas. Ele nem vê que, de vez em quando, se encontra pensando em uma tal-qualquer-menina chamada Rosa. E, através de seus olhos cegos de Saramago, vê desabrochar no meio do asfalto um novo amor.

Quem diria que outra – perfeita – flor nasceria em meio a tão angustiante cenário?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

ETERNIDADE (ou não)




– Oh, mas que belos olhos, quão admirável boca.          
Ele pensava... Acho que é assim mesmo, duas pessoas passam uma pela outra em uma madrugada escura e ficam pensando em um pra sempre, um ao lado do outro, e simplesmente sabem. Sabem o quê?
Bem, sabem que recordarão daquele rosto pelas próximas cinco madrugadas, sabem que pensarão, em vão, nas vastas possibilidades que um gesto um pouco diferente poderia ter ocasionado naquela noite escura, sabem que invadirão espaços nas próximas manhãs, de olhar cansado, procurando sem cessar por aquela imagem (pseudo)inesquecível.
– Por que somente pelas próximas cinco madrugadas?
                Alguém curioso indaga. Porque é sempre assim. Sim, sempre. Tu nunca percebeste? A gente se apaixona perdidamente uma vez, duas, quatro... em um só mês. Em uma só semana. Refutas? Então se explique (e até o presente momento me pergunto o porquê de tê-lo questionado, pois passei as últimas duas horas ouvindo um longo discurso sobre o amor eterno, o casamento e tantas outras instituições).
                Mas, meu caro leitor, quem te disse que estamos de lados opostos? Eu diria, quase, que estamos do mesmo lado. Eu consideraria, até, que nos apaixonamos todos os dias. Pode ser pela recepcionista do escritório, o pintor da obra, a menina dos olhos belos da madrugada, quem sabe? Ainda não entendeste? Explico!
Podemos nos apaixonar sempre pelas mesmas pessoas, ou por outros indivíduos. Isso depende de nós, dos outros e de tantos outros pequenos detalhes que aparecem no nosso cenário. E se eu te contar que aquele moço lá em cima casou-se com aquela passante? Eles se apaixonaram outra vez. E mais umas dez mil vezes até hoje. Eis aí o segredo da eternidade.

domingo, 1 de julho de 2012

Porque quando sinto, escrevo


Andei percebendo algumas coisas nesses dias. Um dia desses eu estava andando de um lado pro outro, de um lado pro outro, de um lado pra outro, e encontrei alguém. Não nos amamos, não nos tocamos, nem nos falamos. Mas sabíamos. Sabíamos feito raios de sol. Aquele dia estaria marcado como o nosso dia. E, constatei, tu tinhas noção desse fato. Conversamos e foi tão lindo até que deixou de ser. Eu esperava que fosse demais quando... nada. E éramos tão perfeitos e feitos um para o outro. Vigiava e planejava e os sorrisos se tornavam mais escassos. A gente quer que dê certo, mas tem que dar pros dois, né? E aí eu tentei fazer dar certo pra ti também, mas sabe como é, sempre tem coisas inadiáveis a serem feitas e um colega precisando de uma ajuda e uma tarefa de casa da escola. Aí as coisas vão passando e se esvaindo tão rápido... não temos tempo, não temos tempo. O dia é muito curto e o que não é prioridade acaba (não) sendo. Porque quando a gente planeja, é trabalho, é estudo, é dinheiro, é casa, é apartamento, é carro, é cartão. Mas só de crédito, hein? Cartão de amor, nem pensar, só amanhã! E como demora pra esse amanhã chegar...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Última mensagem

Mensagem recebida às 23h32 de: (xx) xxxx-xxxx

Olha, eu acho que se tu me ligasses todos os dias ou respondesses a algumas das minhas mensagens, sei lá, se tu viesses me ver uma vez por semana, trouxesse flores a cada mês... poderíamos ter sido. Sabe, podia ter dado certo. Ao invés disso, acordava todas as manhãs e dormia pelas madrugadas pensando e sonhando no dia em que, puf, não houvesse de te pedir um sorriso, um beijo ou uma resposta. Eu nunca tive pressa, mas ficar estagnada também não leva a lugar algum: a cada rara conversa ficava mais claro que, se tivesse havido um esforço mútuo, funcionaria. Mas não houve. E não funcionou, pois senti todos os sentimentos só. Em nenhum momento no qual fomos uma qualquer coisa me senti ser algo além de eu mesma. Como ter um par. E eu pedia tão pouco... tu não precisavas me fazer juras, só estar ali comigo, no mesmo cômodo, por um tempo. Nem precisava ser muito... só o suficiente. Entendes do que falo? Eram pequenas coisas, caro. Sorrisos, beijos ou respostas. E nem precisavam estar no plural.

sábado, 29 de outubro de 2011

Flores e Laços (Sobre o Caio)

Eu e Caio andávamos de mãos dadas desde o momento em que aprendi a ver. Abri os olhos, e ele estava lá, colado a mim. Ele não me largava, eu não o deixava ir, não importa aonde ou quando. Até quando me mudei ele veio junto comigo. Eu amava – e adoro – as coisas que ele me conta: segredos, histórias e besteiras. Tantas besteiras... um dia, nós dois enrolados entre ramalhetes de girassóis, ele me falou assim:

- Sei que pretendia dizer alguma coisa muito especial pra você, alguma coisa que faria você largar tudo e vir correndo me ver...

Eu retruquei, sem entender nada:

- Como assim, Caio? Eu estou te vendo e estou aqui do seu lado, e tu não precisas dizer nada...

Ele se calou por uns instantes. Acho que ele estava seguindo meu conselho de deixar os silêncios ocuparem seu discurso. Mais alguns minutos de sol, e ele finalmente me responde:

- Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir...

- Mas Caio, do que estás falando? Nós estamos sempre juntos, tu nunca fugiste de mim. E o que podes ter a me esconder, eu que estou contigo sempre e em todos os dias?

Nada. Imaginei que aquilo tudo era coisa de louco, que, meu Deus, todos estavam certos sobre ele. Pois é, diziam-me que ele era maluco, que falava coisas-sem-sentido, que gritava insanidades, mas eu não acreditava. Naquele momento, pensei, as palavras estavam o deixando parecer um l-o-u-c-o. Inquietei-me e saí correndo. Foi a primeira vez em anos que largamos a mão um do outro. Ele custou para me deixar ir, mas permitiu. Com um olhar, sem mais vocábulos. Corri para longe daquela plantação de girassóis, e lá fiquei por dias. Meses. Anos. Pensava, às vezes, até, que encontraria o Caio no meio de uma rua solitária, juntaríamos nossas mãos e nunca mais nos separaríamos de novo. E um dia, deparamo-nos em frente a uma floricultura, e eu soube, naquele momento, de tudo. E exclamei:

- Diga-me, diga-me algo que me faça largar tudo por ti. Diga-me tudo que preciso saber, para que tu não precises mais fingir...

- O que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia na rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim. É tão pouco.

- Não creio não ter entendido antes tuas palavras... Sinto tanto por ter ido embora...

- Não te preocupa. O que acontece é sempre natural. Se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. (...) E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito.

Aquele momento não precisava de interpretações filosóficas no mundo biossocial antropocultural nem era loucura-insana nem nada do tipo. Era mãos dadas pro resto da vida. Era simplesmente... nas palavras do próprio Caio:
Remar.
Re-amar.
Amar.

~

*grifos em itálico constam na obra do saudoso Caio Fernando Abreu.

domingo, 31 de julho de 2011

Tapar Buracos

"Seria apenas mais uma história, se não tivesse tocado a alma." Caio F. Abreu

Eles se conheciam desde a maternidade, compartilharam a infância, o amadurecimento. Estavam assim até hoje. Assim, ele cochichou no ouvido dela:

- Você não acha que nós ficaríamos bem juntos?

Num pestanejar de olhos, ela pensou: sim, com certeza, ficaríamos lindos juntos. Tu, com esse teu ar de amor, com essa tua beleza única, com esse olhar encantado e com todas as outras coisinhas que eu sempre percebo quando cruzo por ti. Achas que nunca pensei nisso? Pensei sempre, todas as vezezinhas (e foram tantas!) que nos vimos ao longo dos anos. Refleti sobre como somos parecidos, como combinaríamos se, quem sabe, algum dia, amanhã ou nunca, tu fizesses tal proposta. Não brigaríamos por besteiras, não acabaríamos uma conversa sem risadas, não teríamos que bancar de galanteadores nesse novo amor, e aposto que não nos separaríamos nunca. Seríamos perfeitos.

Só que hoje, lembra do que me constaste? Hoje tu estavas frágil, tu tinhas perdido um grande amor. Hoje, tu não estavas com um sorriso no rosto na primeira vez em que te vi. Estavas magoado, e te consolei. Seria esse novo amor nosso mais um consolo? Oh! Que trágico. Como resolver um grande dilema de vida? Como te amo, como te quero, e como hoje tu me queres, percebo, mas será que ainda estarás inclinado por mim no amanhecer? Estou te servindo para esquecimento de um passado ou para a construção de um futuro? Por que me questiona disso justo hoje? Mas que timing, o teu! Hoje não dá. Hoje não posso. Não podemos. Não se quisermos uma casinha com um jardim cheio de girassóis daqui a alguns anos. Hoje tu não me queres, queres minha bondade, meu amor e minha fraqueza, sem retribuição. Queres apenas que eu te sirva como uns copos de bebida, afogando as lágrimas do momento. Se fosses me querer ontem, um outro hoje, talvez amanhã ou no mês que vem, agarrar-te-ia até meu último suspiro. Hoje, engulo meu amor e te respondo:

- Talvez, mas já estou de saída. Nos vemos depois!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Gavetas

weheartit



Olho pro lado e vejo: meu armário. Que importância teria? Um armário desarrumado em uma casa qualquer, talvez tão diferente ou tão parecida ou irrelevantemente igual a qualquer uma outra. E daí? Começo a procurar por sentimentos rasgados e juras esquecidas: nossa, como é difícil. Onde estão, onde estão? Blusas novas encobrem tecidos que carregam lembranças; as saias, longe de serem leves como o vento, escondem as memórias carregadas; meias se enrolam com o passado, entrelaçam tantas outras coisinhas misturadas. Enfim, ali fora: nada encontro. Aqui dentro, parece que também está assim: um guarda-roupa em completa desordem. São tantos laços e fitas que unem os mais diversos gostos e amantes... onde estão, aqui, os compartimentos para organizar meus sentimentos? Onde estão as pilhas que servem apenas para guardar as roupas velhas, as caixinhas que nunca são abertas? Parece-me que tudo está sempre tão exposto... onde estão as nossas gavetas?

*pequena reflexão

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Planos

Tantos planos, e outra vez eu vou embora sem saber o que falar.” Drive

Sabes, querida, eu planejo tanto te encontrar... dar uma passadinha rápida, fazer-te uma visita. Não tenho tempo para um chazinho, mas queria te dizer um ‘oi’, entendes? Queria te perguntar como vão as coisas, queria ver se tu ainda lembras de mim... dizem que tu esqueceste de muitos, e preciso me certificar de estar tão dentro de ti quanto estás profunda em mim. Será que sabes disso? Oh, não importa... tu saberás de tudo quando eu te encontrar. Passaremos minutos nos olhando, e sei lá, tu podes me enxergar... e dizer alguma frase qualquer... uma palavrinha... podes dizer coisa alguma, mas espero que ainda me lembres. Oh, lembrarás... e passaremos segundos tocando mãos, tentando entender a distância e relembrando momentos. Sabes que planejo ir logo, não é? Acho que nem sabes. Certificar-me-ei de te falar disso quando eu for... mas sabes como são as coisas, né? Tantas contas, tantos prazos, e acabo deixando nosso encontro para um momento mais vago. Planejei ir em setembro, mas é tudo uma correria tão grande... agora, remarquei nosso prazo: será em julho desse ano, eu prometo. Ora, espere um segundo... meu telefone toca... ‘O que? Como assim? Por que? Quando?...’ Mas querida, o que aconteceu a ti? Nem acredito no que acabei de ouvir... nem acredito que nunca saberás minhas saudades e dos meus grandes planos para nós...



Dedicado a minha vovó, que foi embora desse mundo há algumas horas vítima de seu Alzheimer... e eu planejava vê-la no mês que vem...