domingo, 22 de maio de 2011

Neurose

Coloco meu despertador para tocar cinco minutos antes da hora exata que preciso levantar. Dez minutos antes de ele tocar, já estou acordada. Estou imersa nos pensamentos que englobarão mais um dia da minha vida. Levanto antes, banho-me antes e, quando vejo, como estou adiantada! Cheguei no trabalho mais uma vez antes mesmo de a empresa abrir. Fico sentada na escadaria, como sempre, esperando os despreocupados. Nossa, como não se importam. Tantos prazos, tantas coisas, e eles ali vêm caminhando mansinho, sem pressa para nada. Engulo esse pensamento. Finalmente entro no prédio, subo mais escadas e chego em meu departamento muito cansada. Suando. E o dia ainda nem havia começado...


Meus colegas conversam entre si asneiras: o assunto da novela, a briga com o namorado... qual a necessidade disso? Os prazos não mudam, as horas não param e as coisas a fazer não diminuem enquanto a conversa deles flui, mas eles falam como se tivessem todo tempo do mundo... Hm, que tolos... Ai, que inveja...


Queria eu andar sem ombros rígidos de preocupação, sem a cabeça doendo de estresse e a barriga roendo-se de ansiedade. Um colega pede como foi minha noite e faz com que meus pensamentos voltem ao foco: os prazos. Começo minhas atividades antes de todos e termino depois de muitos. Não entendo como podem sair antes sem ter feito nada, N-A-D-A, do que deveria ser realizado.


Começo o dia e o termino do mesmo jeito: sozinha. Venço os prazos, termino as tarefas e reviso os boletos. Vou andando pela rua para a minha casa. Passo por um bar cheio de gente, e é claro que lá os meus colegas estão. Nem olham pra fora, e eu? Eu estou exausta. E amanhã? Será igual. Como sempre. Então eu choro. E é assim, quando paro de inquietar-me pra pensar:


Meu Deus, como eu queria fazer coisa nenhuma como os outros...