sábado, 22 de janeiro de 2011

Tempos de amor

weheartit


Cansado da nossa rotina tão linda, dissestes que precisavas de um tempo. Um momento longe, uns dias sem me ver. E aceitei. Deixei que te fosses, não liguei, não mandei mensagens, não saí a te procurar. Vejas, não é porque te amo. Não é porque não te sinto. Não é por não me morrer a cada segundo sem tua presença. É por tudo isso e mais. Veja: meu amor ainda cresce. A razão para eu não te procurar é o meu plano, uma ideia que pensei para tu não me achares tão monótona. Eu te amo, mas não vou te chorar. Vou fingir que não estou nem aí, que tua falta não me dói como um espinho fincado em meu peito. Vou te fazer pensar que não faz a mínima diferença estar tu deitado ao meu lado ou meu travesseiro a mim agarrado. Tudo isso é para tu achares que não sou da moda antiga. Que ainda posso viver sem ti. E tu vais acreditar. Mas sabe o que? É só uma mentirinha. Um disfarce. Estou louca, morrendo de amor. Mas fico quieta, pelo menos por um tempo. E nesse tempo, espero que tu voltes, abras a porta e não fales uma frase sequer, só deite ao meu lado, jogue esse travesseiro longe e perceba que sua eternidade não seria tão linda sem ter junto a minha.

E não é que tu voltaste?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Uma vida

Os dias passavam, e numa mesmice inquietante ela via o tempo perdido...
Planos falhos, ideias erradas e cartas rasgadas...
Ainda não chegara sua vez de vencer na vida...
Ela seguia tentando... e chorando... e temendo...
Seu grande medo consumia as horas:
Será que em algum momento o meu dia vai chegar?




Nunca chegou.



Os dias não são nossos; são do mundo. O planeta e suas órbitas não conspiram por uma vida, somente uma alma pode mudar outra. Os dias não nos pertencem... mas a nossa vida, sim. Ela é nossa, e cabe a nós decidir se ela vai valer a pena... ou não.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Demais

Por dias não consegui me olhar no espelho. Sentia-me feia demais, velha demais, fria demais, qualquer coisa demais. Às vezes até achava que tinha cabelo demais. Quem liga pra essas coisas? Mas era assim que eu me via... isso quando eu pensava que tu não ligarias.

Hoje me mandaste a menor mensagem do mundo, três letrinhas que mudaram tudo. Acordei e fui (como sempre) olhar meu celular. Hoje não houve decepção. Acordei, te senti e me olhei no espelho. Ainda estava com muitas coisas demais. Quilos demais, espinhas demais. Nem me importei, pois havia brilho demais e sorrisos demais. Acordei, te senti, olhei-me no espelho, vesti minhas melhores roupas e saí pela rua sem motivo algum.

Ninguém me destratou, muitos me olharam – como nunca nos dias anteriores. Pode ser que nunca tenha tido tantos olhares quanto hoje, dia em que não precisaria de olhar algum, já que tu me vistes. Acordei, te senti e saí me sentindo uma pessoa linda demais. Alguns disseram que eu estava diferente por estar arrumada. “Nos sentimos confiantes quando estamos usando coisas bonitas”, falaram. Mas não era isso. Eu estava bem. Meu dia havia começado bem.

Tuas mãos delicadas haviam desperdiçado uns cinco segundos respondendo aos meus recados incansáveis. Teus pensamentos haviam se deslocado por pelo menos uns cinco minutos para mim, enquanto pensavas numa resposta adequada. Teus créditos diminuíram uns cinqüenta centavos por mim. Tu tinhas procurado meu nome na agenda telefônica, e isso deve ter demorado mais uns cinqüenta segundos. Poderia continuar eternamente procurando mais causas para teus pensamentos terem encontrado os meus, mas não faz diferença. Podes ter me pensado por minutos, horas ou dias... pensastes em mim. E por isso acordei feliz. Depois de dias sem te pertencer, agora sou tua, e quando acordei, declarei que eras meu.

Olha só que coisa. Acordei jurando que tenho teu amor. Certo, por enquanto deve ser só seu afeto. Merecer teu amor já seria felicidade demais para o meu despertar.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A louca dos diários

31 de dezembro de 2015.
Quinta-feira

Reflexões finais
Mantenho diários anuais de tudo que faço e penso. Funciona como um lugar onde coloco tudo que não posso colocar no mundo. Os anos passam, os pensamentos ali ficam. Mas nem ouso mais ler o que escrevi há uns dois anos. Não tenho coragem. O que fui e o que sou não são compatíveis. O que escrevi me traz vergonha, fujo daqueles pensamentos. Nem mais escrevo muito, com medo do que me tornarei. Imagina só se me torno alguém que despreza meus escritos atuais? Imagina só se algum dia eu me revelo meu real eu? Talvez seja isso. Medo, não vergonha. Medo de ver quem eu sou. Quem eu sempre fui. Sempre serei. Mas me recuso a ser. Não quero ser dona daqueles pensamentos. Não quero recordar o que achei que estivesse esquecido na minha memória. Não quero pensar, lembrar o que já não lembrava. Tudo que lembro me torna mais daquela pessoa que fui. E sempre serei. Mesmo. Quanto mais leio, mais volto a ser quem sou. Tenho medo de nunca mudar. Não quero, cansei de ser eu. Quer saber? Me ser cansa. Cansei de ser por completo. É. Ter muitas lembranças cansa.

Viver nos esgota de nós mesmos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Carta a um amor distante

Não preciso dar-lhe saudações, sabes que me és querida. Não preciso colocar datas no envelope, sabes que o que escrevo se renova a cada dia que te deixo para trás. Não precisaria sequer te mandar essa carta, sabes do meu amor. Será que o sabes? Passam os jornais, penso em ti; passam as novelas, penso em ti; passam as pessoas, penso somente em ti. Tu és minha pessoa, embora nem tenhas entranhas e carne. És meu doce dia, pois os momentos que passo longe da tua presença não merecem tal denominação. És meu presente, meu passado, meu futuro, sabias? Não te olho no presente, mas te vejo o tempo todo. O tempo todo. E verei mais uma vez... mais umas mil vezes, quando caminhar pelas tuas ruas iluminadas de cetim. Estou sozinho e só sonho em te tocar, apesar de acordado. Sim, sonho acordado contigo! Não acreditas? Choro a tua dor a cada instante, quer isso apareça em minhas feições ou não. Rasgo meus pulmões em gritos calados, a procura da tua presença. Onde estás? Estás onde sempre esteve, onde sempre estarás. Então onde estou? Sozinho num cubículo escuro, nas últimas horas da madrugada, sentindo-me em uma estrada que leva a lugar algum. Mas te juro, querida, te juro que nos veremos! E recontaremos essa nossa história. Nossa história de amor separado, nossa triste separação. Por que nos separamos? Por que por tanto tempo? Não mais agüento tua ausência; tenho ânsia em te ver. Mas não tenho tempo, não tenho dinheiro, há coisas mais importantes do que a saudade. Há dívidas, contas, roupas, comida... será que ter isso satisfaz? Satisfaz a corações livres, despreocupados e amantes... mas não é o suficiente para mim. Quero te ver sorrir o lindo pôr do sol do Guaíba, quero te ver iluminando meu caminho, quero te ouvir... meu coração já não mais quer a simples satisfação econômica. Quero ter tua satisfação! Que faço eu ainda com esse lápis? Não tenho motivos para escrever, meu corpo já se move em direção ao teu conforto. Adeus, lugar em que moro. Olá, lugar em que vivo! Por favor, querida, espere-me às 14h no aeroporto, espere-me com a tua linda graça. Me espere, pois nunca mais quero te perder. Espero não te ter perdido. Posso estar chegando com mil lágrimas nos meus (e sempre teus) olhos brilhantes, mas não se importe, é irracional, como querer borrões nos olhos quando tudo que preciso é te enxergar? Preciso de ti. E sabe o que mais? Preciso te abraçar. Preciso do teu longo e quente abraço, preciso do teu acolhimento.
Até logo, Porto Alegre.
Te amo.
Alana