sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Morrer de amor

Olá pessoal! Então, esse texto foi decorrente de um processo avaliativo da disciplina "literatura portuguesa", que tinha mais ou menos isso como enunciado: você sonhou que estava em um mosteiro da Idade Média, e lá recebia um bombom (metáfora para qualquer objeto que desejar). Quando você acordava, o bombom estava lá ao seu lado. Escreva um conto, um poema ou um ensaio poético sobre isso. Bom, e foi nisso que deu! Não se cansem com a religiosidade e todo o amor cortês do meu texto, são características medievas! :D

Morrer de amor

O castelo. Lembro como o via antes do amor bater a suas portas. Local belo, confortável, no qual todos se submetiam a mim; ou melhor, ao Rei. Eu era apenas sua Rainha, mas bastava, pois ali minha vida era sofisticada. Um pretendente misterioso, porém, mudou minhas percepções.
O dia estava lindo, as flores apareciam quase espontaneamente nos jardins do castelo. Entre elas, porém, encontrei um homem. Pouco notei de sua aparência, pois estava deslumbrada pelo embrulho que ele trazia consigo. Cheguei mais perto, e ele pareceu estar esperando por mim; pareceu estar ali há dias, com uma paciência infinita que só poderia ser fruto de um grande amor.
Ele me entregou o embrulho, e rapidamente encontrei um terço, brilhando para mim. Naquele momento senti uma música, uma canção tão bela saindo daquele presente. Parecia-se com um poema, sem forma ou estrutura de poesia; mas belo, lindo.
Eu via as lágrimas no seu rosto, e por isso voltei a fitá-lo. Ele se parecia a outro poema, e logo arrancou meu coração. Era um amor tão puro aquele que o homem me oferecia, tão inocente. Percebi logo, porém, que aquilo era uma tragédia, nunca se tornaria real, ele nunca poderia tocar-me; nunca seríamos felizes.
Era tarde demais, por isso pedi a Deus que trouxesse aquele momento para antes, antes de tudo; que eu pudesse viver aquele amor. Não era possível, e o sofrimento nos consumiu.
Afastei-me, e percebi sua tristeza devido àquela paixão que nunca se concretizaria. Suas lágrimas se tornaram minhas, e quando dei por mim estava de volta ao castelo. Sozinha, naquele lugar tão cheio de nada.
Tudo que restava daquele amor era a pureza do terço que ele havia me entregue naquele dia que me fez abrir os olhos, por isso me pus a rezar. Rezei, e percebi que não suportaria mais viver naquele não-amor. A tristeza se tornou meu dia-a-dia, e logo decidi pôr um fim naquela angústia.
Todos vivem o tempo necessário para entender o sentido da vida, alguns vivem pouco, como as borboletas, tão cheias de beleza, e outros vivem muito; mas o que importa realmente é o que aprendemos nessa jornada. Aprendi com um momento o amor de uma vida inteira. Aprendi o bastante neste dia, nesta semana, nesta vida, para finalmente me entregar e ser salva pelo morrer de amor.
Fim

3 comentários:

  1. Muito maneira a história... Parabéns! =D

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  2. Detesto admitir, mas esse foi o primeiro texto que me prendeu até o final. Parabéééééns! *-*

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"Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo, e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros." Caio F

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